Tecnologia e metodologias devem ajudar e não engessar

14/02/2019

Vivemos tempos de altíssima tecnologia e também das mais diversas metodologias. Na engenharia & construção também não é diferente. No entanto, existe uma linha tênue entre os excessos e a total ausência de tecnologia e das boas práticas e esta deve ser perseguida, permitindo resultados mais satisfatórios, rápidos e numa curva de aprendizado ascendente em menor tempo.

Quando falamos em alta tecnologia, vamos nos ater aos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), indispensáveis para a gestão dos empreendimentos e das empresas em termos dos custos. A gama de ferramentas, funcionalidades e relatórios destes sistemas é algo espantoso. Da mesma forma, a variedade de metodologias de gerenciamento de empreendimentos é também vasta e não menos importante.

O problema recai na capacidade e abrangência cada vez maiores de tais sistemas e metodologias em relação as condições humanas. O que veio para ajudar na gestão como apoio ao trabalho em si, no caso construir ou gerenciar a obra, torna-se o protagonista. Como bem diz um colega nosso: “Vamos alimentar o nosso ERP e seguir os mandamentos da metodologia utilizada. Se sobrar tempo a gente faz a obra.”. Exagerando um pouco é essa a realidade na qual muitas empresas deparam.

O respeito a cultura e principalmente ao nível de maturidade na gestão dos empreendimentos da empresa deve ser o ponto de partida para adoção do sistema A, B ou C e da metodologia X, Y ou Z. Mais que isso, o que realmente se deve utilizar num sistema ERP e numa metodologia é através de um plano progressivo, respeitando o nível de absorção dos colaboradores e parceiros e também às necessidades crescentes do mercado. Trata-se de um trade-off que deve ser encarado de frente.

Quando mencionamos as metodologias, podemos direcionar as boas práticas do PMI® (Project Management Institute) que possui o guia PMBOK ® (Project Management Body of Knowledge). Apesar de muitos chamarem de metodologia, o PMBOK® é um guia que proporciona as boas práticas de gestão de empreendimentos e tem contribuído muito junto a empresas e profissionais na gestão de seus empreendimentos.

O que temos observado na prática é que muitas empresas ficam escravas na utilização das técnicas e ferramentas, ou seja, elas trabalham para essas boas práticas, quando o contrário deveria ser o correto. As técnicas e ferramentas é que deveriam trabalhar em prol deles mesmos para atingir os objetivos do empreendimento e da empresa.

Em termos de engenharia e construção, tanto na tecnologia, quanto na metodologia temos observado ao longo dos últimos vinte anos a situação apresentada acima e apesar dos sistemas de informação e das metodologias serem cada vez mais completas, cabe as empresas, seus líderes e colaboradores utilizar da maneira mais benéfica em prol das necessidades reais de todos os envolvidos. Este ponto abordaremos mais detidamente no próximo post com a ilustração de alguns casos reais.


Engº Maurício Martins Lopes, PMP

É diretor da M2L Project Management, empresa especializada em implantação, consultoria e gerenciamento de projetos e obras na área de Engenharia & Construção. Foi um dos fundadores do Capítulo São Paulo, Brasil do PMI® e diretor por duas gestões. Ministra aulas e palestras de gerenciamento de projetos na FATEC, CPLAN, INPG, IETEC-MG e FIA (convidado). Escreve artigos para revistas especializadas em Engenharia & Construção. É correspondente internacional do site americano especializado em Gerenciamento de Projetos PM World Journal (www.pmworldjournal.net. Pode ser contatado pelo e-mail mauricio.lopes@M2L.com.br.

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