Nos posts anteriores abordamos os cuidados para que a utilização da tecnologia, bem como de metodologias na consecução dos empreendimentos não engessem ou limitem a própria gestão. A partir de agora, de forma bem prática o enfoque é mostrar o quão são importantes as metodologias de gerenciamento de empreendimentos, desde que aplicadas na medida certa
A área de engenharia & construção é uma das pioneiras na adoção do gerenciamento de empreendimentos. Há tempos se utiliza das famosas redes PERT-CPM, calculadas manualmente para grandes e complexos projetos com o objetivo de determinar a duração do cronograma de obras. Hoje em dia a técnica do PERT-CPM pode ser facilmente encontrada em softwares de gerenciamento de projetos. A gestão de custos, a partir da elaboração de orçamentos e o seu consequente acompanhamento também tem estado presente nos empreendimentos ao longo dos anos.
Até o advento das boas práticas propostas pelo PMI® e posteriormente por outras metodologias, era condição sine qua non que se observasse o tripé Prazo – Custo – Qualidade. Isto explica em parte a resistência desta área na adoção de metodologias modernas. Já as áreas mais novas, como por exemplo a de TI (Tecnologias da Informação) abraçaram com mais veemência as práticas do PMI®, pois não tinham um histórico em gestão de projetos.
As boas práticas do PMI® foram desenvolvidas através da expertise de muitos voluntários, todos praticantes e entendedores da disciplina gestão de projetos no mundo todo. Isto permitiu que este conhecimento fosse compilado num guia denominado PMBOK®.
O PMBOK® foi mais além do que o simples tripé Prazo – Custo – Qualidade e discorre sobre nove áreas de conhecimentos, a saber: Escopo, Prazo, Custos, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicações, Riscos, Aquisições e Stakeholders. Todas integradas por uma área de conhecimento denominada Integração. Numa versão do PMBOK® direcionada a Engenharia & Construção são agregadas mais duas áreas de conhecimento: Segurança do Trabalho e Meio Ambiente e Financeiro.
Além disso disponibiliza a definição clara dos grupos de processos de Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento e do conceito de Ciclo de Vida do Empreendimento que compreende, numa visão mais simplista de empreendimento de engenharia e construção as fases de Viabilidade, Projetos, Contratações, Construção, Comissionamento e Startup.
A combinação das áreas de conhecimento, dos grupos de processos e do ciclo de vida permite uma gestão mais plena e abrangente. Mais que isso, garante se ter uma visão sistêmica de todo o empreendimento.
Aí fica uma ponta ainda em aberto e que seria a utilização da tecnologia atualmente disponibilizada para a gestão dos empreendimentos. Podemos observar que dentro deste espectro de áreas de conhecimento, grupos de processos e fases do ciclo de vida, existem muitos softwares, sistemas e tecnologias disponibilizadas que as complementam.
Nos próximos posts iremos abordar individualmente cada área de conhecimento, bem como conceitu
ar as características do ciclo de vida e os grupos de processos. Isso sem esquecer de atrelar aos aspectos da tecnologia disponível.
Engº Maurício Martins Lopes, PMP
É diretor da M2L Project Management, empresa especializada em implantação, consultoria e gerenciamento de projetos e obras na área de Engenharia & Construção. Foi um dos fundadores do Capítulo São Paulo, Brasil do PMI® e diretor por duas gestões. Ministra aulas e palestras de gerenciamento de projetos na FATEC, CPLAN, INPG, IETEC-MG e FIA (convidado). Escreve artigos para revistas especializadas em Engenharia & Construção. É correspondente internacional do site americano especializado em Gerenciamento de Projetos PM World Journal (www.pmworldjournal.net. Pode ser contatado pelo e-mail mauricio.lopes@M2L.com.br.